domingo, outubro 08, 2017

CRÔNICA DO DOMINGO SEU NONA, O DONO DA BOLA EM DUQUE BACELAR




Lázaro Albuquerque Matos
Quando o anjo das pernas tortas, o jogador Garrincha, fazia seu malabarismo futebolístico, com uma bola nos pés, ora jogando pelo Bota Fogo do Rio de Janeiro, ora jogando pela Seleção Brasileira, nos grandes estádios do Brasil, Duque Bacelar via Raimundo Nonato de Oliveira, seu Nona, das pernas meio tortas como as de Garrincha, correndo atrás de uma bola no campo da Beira do Rio, ou andando com ela debaixo dos braços pelas ruas da cidade.

Hoje, o futebol de Duque Bacelar é organizado e bancado por um Departamento de Esporte da Prefeitura Municipal. Digo que ele está em boas mãos: nas de Rogério Borges, chefe desse Departamento. Vejo o grande empenho do Rogério para que o esporte de Duque Bacelar, como um todo, e o futebol, em especial, seja bem visto e bem destacado na região. 
Muito diferente da cara e a coragem do seu Nona, pois, somente com elas, era ele quem dava muita alegria para o povo de Duque Bacelar com o time de futebol que organizava na cidade. Tinha somente sua boa vontade como um Departamento de Esporte. Mas o esporte de Duque Bacelar era um time só de futebol, com o nome da cidade: o Time de Duque Bacelar. Seu Nona fazia dele a atração das tardes de domingo, no campo da Beira do Rio, que também era único na cidade.

Fora do futebol, seu Nona era o homem de confiança do Sr. José Ribamar Oliveira, como o dono da chave dos armazéns e da usina de beneficiamento de arroz das Organizações Ribamar Oliveira. Ele trabalhava de segunda a sábado para o Sr. Ribamar Oliveira, em suas organizações. No domingo, seu Nona descansava na canseira que ele tinha pelo futebol de Duque Bacelar. Logo cedo, ele ia marcar o campo, com cinza ou cal, e fazer alguma capina para que tudo fosse perfeito no jogo da tarde, com times da região. Todo mundo no campo para ver o time de Duque Bacelar jogar sob o comando do seu Nona.

Tendo a bola como amiga e inseparável companheira, Raimundo Nonato de Oliveira fazia-se mesmo o dono dela, e dela não desgrudava. Só um louco por bola fazia as loucuras que seu Nona fazia por uma. Ora atleta, ora dirigente, ora gandula, ora marcador e limpador do campo, seu Nona estava sempre na jogada do futebol de Duque Bacelar. Ele dava tudo de si por um lance perfeito de nosso futebol, com uma bola nos pés ou nos braços, jogando ou levando-a para ser jogada por outros.


A bola era mesmo do seu Nona. E o pai do meu amigo Fernando Oliveira é também o pai do futebol de Duque Bacelar. O DNA de seu Nona está no futebol bacelarense como está nos outros 10 filhos que teve com sua esposa Idalice. Não há quem lhe tire isso. Seu Nona só tinha um desgosto com o futebol de Duque Bacelar: seu time era freguês do Time do Boqueirão. Não ganhava uma dele. O Domingos Libânio não me deixa mentir. Ele jogava no time que tirava o prazer do seu Nona.

Hoje, seu Nona, aos 89 anos, está driblando em outro campo, com outra bola. A bola da vez do seu Nona, hoje, é de outro, e não lhe dar prazer que a de Duque Bacelar lhe dava, quando sua. Seu Nona está driblando uma doença, em Teresina, mas com a bola cheia de esperança. Deus vai lhe manter, com certeza, por muito tempo como dono da bola de Duque Bacelar. Estou torcendo por isso,

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